sábado, 27 de agosto de 2011

Diferenças Solidárias¨

por Edson Borges Vicente*
A sociedade é marcada por uma premissa enriquecedora: a diferença! Em contrapartida existe algo que a marca mais profundamente: a desigualdade! As diferenças são fatores determinantes para a existência humana, são o que faz  de cada um de nós um ser especial, único, com o valor inestimável da vida. As desigualdades, porém, dividem a sociedade em classes, em ricos e pobres, em abastados e miseráveis, em saciados e famintos. As desigualdades são produzidas socialmente e ferem a dignidade humana, impedem o pleno exercício da cidadania e atiram às margens da sociedade grande parcela da população mundial. Desde cedo os filhos do “berço de ouro” aprendem a escolher bem o que comer e muitos filhos da batalha aprendem com a vida que tem que lutar para subsistir. A saída escolhida é, muita das vezes, trágica. Jovens demais para morrer mas pobres demais para viver, muitos jovens, cujo futuro não lhes apresenta promissor, trocam suas vidas inteiras por breves fases de “sucesso”, se atiram na contravenção a fim de desfrutar dos prazeres da sociedade consumista e se fazerem “gente”; apostam na fuga à ordem estabelecida e reivindicam através da força o direito de ter o que só os que nasceram à sombra gozam, a saber: poder e abundancia de bens e, até mesmo, comida. Breve fase se diz ao constatarem as pesquisas que eles não passam dos vinte e quatro anos de idade. Para os mais velhos, chefes pais e “mães pais” de família, cujo mercado de trabalho se fecha e cujas barrigas de seus filhos choram, resta muitas vezes a humilhação da dependência alheia. Resta a esperança em promessas de campanha e na única coisa que podem oferecer, seu voto de confiança que muitas das vezes não é respeitado. Enquanto isso a mídia manipula ideologicamente a massa visando preservar o status quo da elite, naturalizar a exploração do homem pelo homem e gerar o desejo pelo consumo. Aposta na “caridade”, na doação daquilo que sobra, na verdade, daquilo que é roubado do trabalho dos homens. E será que isso é natural? Será mesmo que não existe uma saída? Marx nos diz que saída começa na consciência! Que a partir do momento em que a população se torna ciente da exploração a qual é submetida, toma atitudes contrarias a ela. Eu aposto na solidariedade, a atitude consciente de luta mutua aonde todos dão aquilo que vos falta. Devemos construir a nossa liberdade, também, através da critica, da consciência, da união. A partir disso, através da luta que travamos contra a nossa exploração, a exploração da nossa vida. A fome e a miséria do mundo, diferente do que pensava Thomas Malthus, não provem da insuficiência da produção dos alimentos e sim de sua má distribuição, das desigualdades sociais que o sistema promove, da exploração de classes, do homem pelo homem. Só se combate a fome na luta contra as desigualdades. Só se combate a miséria através da justiça, da consciência, do respeito à vida humana, que não parte de cima, mas de cada um que sofre, da massa que pode reivindicar sua vida, sua cidadania. E isso só se concretiza através da solidariedade, da união dos homens pela dignidade dos homens. Na consciência e na luta.

* Edson Borges Filadelfo - Graduado em Geografia pela UERJ; professor de Geografia e Coordenador do Núcleo Cabuçu do PVNC, Professor da Rede Estadual do Rio de Janeiro e da Rede Muncipal da Cidade do rio de Janeiro.
¨Texto escrito para o concurso de redação para universitários Folha Dirigida / UNESCO / MEC 2007 com o tema: como vencer a miséria e a pobreza.

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