REPUBLICANDO DE WWW.GEOEDUCADOR.XPG.COM.BR - 2005
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – UERJ
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS - IGEO
Departamento de Geografia
Introdução à Geografia - Prof. Gláucio Marafon
Sem: 2005/1- Al: Edson Borges
Resumo dos textos: A dimensão pedagógica na formação do geógrafo; A formação do prof. De Geografia; O geógrafo e a Geografia. Autor desconhecido.
“Na medida que os alfabetizandos vão organizando uma forma cada vez mais justa de pensar, através da problematização do seu mundo, da análise de sua prática, poderão atuar mais seguramente no mundo”
Paulo Freire, 1968
Introdução.
A Geografia é uma ciência do nosso cotidiano e vem passando por um processo de avanço e de popularização, no sentido de buscar melhores compreensões da realidade.
O inicio do Livro (Introdução) destaca o entendimento do território para a Geografia como base para / e a própria sociedade; Tendo vida e movimento.
O objetivo do livro é entender a contribuição que a Geografia pode dar para entender a realidade e formar cidadãos. O livro foi escrito com a consciência da atual fase de mudanças rápidas no mundo, exigindo profissionais criativos e críticos.
Há um destaque para o fato de o ensino tradicional ter se esgotado e as novas questões fazerem parte do cotidiano da universidade.
O 1° texto foi escrito por pedido da AGB, o 2° para o Boletim Gaúcho de Geografia e o 3° para discussão interna no curso de Geografia.
CONTINUE LENDO
CONTINUE LENDO
Dimensão pedagógica para o Geógrafo
As mudanças atuais no mundo exigem profissionais ágeis e passiveis de saber e aprender, dinamicamente.
As mudanças nas diretrizes do MEC incitam postura de entendimento do que deve se trabalhar para responder às novas questões. Para que o processo de aprendizagem dê certo, é necessária a consciência da época em que vivemos para atuar numa construção do futuro.
O geógrafo, como responsável por analisar a realidade com as relações espaço / sociedade, compreendendo o território é importante para entender as questões que circundam a sociedade. Para isso, precisa de uma formação especifica e cotidiana, necessitando ser professor e pesquisador e dependendo do curso e da estrutura da universidade.
Com a posição do MEC, o curso deve, além de abrir caminho, estruturá-lo e fundamentá-lo bem, para uma formação sólida do profissional. A função técnica e a função social são aspectos constitutivos e há a necessidade da teoria ligada à prática.
Os autores, nesse momento, incitam o rompimento da dicotomia entre o Bacharel e o Licenciado e que ambos devem ser valorizados.
O geógrafo passa por uma qualificação técnica e deve ter uma dimensão pedagógica para torná-lo capaz de exercer a função social; não significando as disciplinas pedagógicas necessárias ao professor, mas a capacidade de perceber e se reconhecer como educador. A função social vira da dimensão pedagógica e a função técnica, da capacidade de organização dos conhecimentos.
Não se pode pensar um educador que não domine a técnica e um profissional de nível superior que não tenha domínio das relações em grupo, da construção do conhecimento em grupo.
-Formação Profissional.
Deve estar na inserção do sujeito individual no trabalho coletivo. É preciso a superação do positivismo na Geografia e no ensino, uma formação holística.
O que trabalhar é uma pergunta essencial, pois a Geografia não deve ser apenas uma ciência informativa. A Geografia deve ser ágil e acompanhar as mudanças, pensar o futuro, entender que alunos hoje são os profissionais que atuarão amanha.
Devem-se oferecer as bases para que o aluno se envolva intelectualmente e seja criativo, transformar a Geografia em algo vivo.
Há o questionamento quanto ao fato de os cursos de Geografia darem ou não conta disso.
Há a necessidade de superação do senso comum pelas verdades cientificas (Cientificismo?), não desmerecendo os fatores importantes e ralações.
É a necessidade da clareza dos paradigmas da atualidade, entender o espaço como constructo social.
Que a formação do geógrafo seja a de ensinar a aprender, fazendo do geógrafo, um agente de transformação.
O professor de Geografia
A formação do professor de Geografia deve ter dois momentos: a habilitação formal e a formação num processo.
1ª refere-se ao curso e é básica, devendo ser avaliada constantemente.
2ª refere-se à pratica, é permanente e deve vir da reflexão sobre a atuação na realidade, da cidadania.
A estrutura das universidades públicas dava mais ênfase na formação do Bacharel e tinha, como acréscimo, a licenciatura. Nas universidades novas (ou cursos novos como a na FEBF / UERJ), faculdades isoladas, principalmente nas particulares, a ênfase é na formação de professores.
O professor sai habilitado, mas enfrenta problemas ao deparar-se com a realidade na sala de aula e com respeito ao extenso conteúdo exigido; tornando o livro didático, muitas das vezes, a saída através da “perda de responsabilidade” do professor, passando-a para o livro.
Um olhar transcendente à Geografia é necessário, um processo que abranja aspectos pedagógicos e psicológicos.
O papel do profissional da educação é de criar as condições para que as pessoas exerçam a sua cidadania.
A formação é vista como, num processo permanente, tendo a analise critica da própria pratica cotidiana fazendo parte da atuação do professor. Por isso, treinamentos e reciclagens são insuficientes. O papel da universidade de é pensar junto com os professores dos ensinos, médio e fundamental.
É preciso superar a pratica conservadora e a pouca utilização dos debates acadêmicos na atualidade.
-O conteúdo da Geografia.
Sempre extenso demais. O professor tem dificuldades para trabalhá-lo. Ao invés de selecioná-los nos mais essenciais, o professor os “ensina ate onde dá”, sempre sobrando assunto. Esse problema é constante.
A formação do professor deve levar em conta 3 grandes capôs do conhecimento: 1° a Geografia, 2° a educação e 3° as teorias do conhecimento. O profissional deve ser autônomo e ter domínio de informações e referências pedagógicas.
Geógrafo e Geografia
Por se tratar de um profissional que analisa o espaço como constructo social, o mesmo deve ter uma visão da totalidade.
A fragmentação cartesiana do saber geográfico é um dos problemas encontrados primeiramente. As novas tecnologias trazem mais detalhamento dos trabalhos realizados sobre a terra, como a Cartografia Computadorizada, o sensoriamento remoto e os Sistemas de Informações Geográficas SIG`s. O que falta é a reflexão filosófica para que a realidade não seja obscurecida e fetichizada, nesse sentido o prof. Milton Santos contribuiu muito.
Entender o território como resultado da ação humana e como a própria sociedade e movimento é essencial.
Com as novas tecnologias e a reformulação curricular, é necessária a atenção para a epistemologia da Geografia parra que os trabalhos realizados sejam confiáveis e tenham sustentação filosófica.
Existe uma dificuldade em saber o padrão da formação do geógrafo, mas este, de todo o jeito, deve ter a consciência do objeto geográfico. O outro ponto é a clareza quanto ao papel a ser exercido. Nesse sentido, ressalvas à Lei 6.664 de 26/07/1979 que regulamenta a profissão e insere o Geógrafo no sistema CONFEA / CREA.
Isso exige a capacidade de articular a teoria e a pratica, tendo a clara noção do espaço como produto, condição e meio das relações sociais.
Os autores finalizam propondo que o currículo tenha um ponto central e, ao redor deste, os acessórios e a instrumentação complementar.
O tempo e o espaço não são para aprisionar e sim, esclarecer na medida que são trabalhados em suas conceituações ideais.
A globalização é que é a causadora do aprisionamento. A técnica segrega espaços e pessoas. A analise geográfica vem da compreensão dessas dinâmicas para a compreensão da vida.
Reflexão
Os textos trazem para a discussão, alguns dos principais problemas enfrentados pelo profissional em Geografia, seja ele, Bacharel ou Professor. O Geógrafo, como profissional que, na maioria das vezes, ira trabalhar como equipes multidisciplinares, no contexto da sociedade atual, necessita impressindivelmente ter o domínio da dimensão pedagógica uma vez que, precisara estar, a todo o momento, construindo, passando e aprendendo coletivamente. O professor, como responsável pelo acompanhamento da construção do cidadão, na medida em que aprende e ensina mutuamente, deve ter domínio do saber a ser compartilhado.
A Geografia, enquanto ciência do cotidiano, deve estar constantemente atualizada, mas não presa às tecnologias, pois essas, quase sempre estão a serviço do capital.
A realidade da educação, hoje em dia, é critica e exige muita dedicação do professor, o conteúdo é extenso e há a dificuldade de se eleger que pontos são mais importantes, visto que, todos têm inter-relações, uma vez que, entendemos o conhecimento como uma totalidade. A partir daí podemos ter noção da dificuldade encontrada por tal profissional, alem do fato do déficit na educação, tornar a aprendizagem dificulta, uma vez que, deturpada a idéia aprovação continuada que, cooptada por interesses políticos quantitativos para o reconhecimento internacional, formou verdadeiros analfabetos com diploma.
Como dito, a atualidade é marcada por transformações rápidas e essas se refletem nos questionamentos e esses últimos na necessidade de adequação da ciência, a mesma devendo trazer mais respostas. A Geografia tem como meta apreender o espaço, entendê-lo como fruto das relações sociedade / natureza, um constructo social e como tal, dizendo respeito a todas as formas de apropriação da natureza pelo homem. Um cuidado muito grande deve ser tomado no sentido de tornar tais relações, menos segregadoras e destrutivas, tanto para a natureza que já tanto sofreu, como a sociedade que faz parte dessa mesma.
*Graduado em Geografia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro- UERJ, educador do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil- PETI e professor e coordenador do Pré-vestibular para Negros e Carentes- PVNC-Cabuçu. (Original em www.geoeducador.xpg.com.br)
Nenhum comentário:
Postar um comentário