sábado, 27 de agosto de 2011

Atuação profissional do Geógrafo e o papel da Empresa Júnior Geoambiental. - Resumo

REPUBLICANDO DE WWW.GEOEDUCADOR.XPG.COM.BR - 2005

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – UERJ

INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS - IGEO
Departamento de Geografia

Introdução à Geografia -   Prof. Gláucio Marafon

Sem: 2005/1 - Al: Edson Borges Vicente 

Resumo do Texto:

 MIYAZAKI, Vitor K. NORONHA, Elias O. FERREIRA, Rogério M. BRIGATTI, Newton. Atuação profissional do Geógrafo e o papel da Empresa Júnior Geoambiental. São Paulo: UNESP.


Introdução
     Artigo escrito por um grupo de estudantes em Geografia pela Universidade Estadual Paulista (UNESP- Campus Pres. Prudente), aborda as principais áreas de atuação do Geógrafo na atualidade como também outras possíveis atuações em face da grade curricular que consiste a maioria dos cursos de graduação em Geografia do país. Há uma ênfase, por conseguinte na discussão sobre a grade, assim como sobre específicas disciplinas e seu campo de abordagem e ainda seu pressuposto interdisciplinar, revelando a importância da Geografia em função do eu olhar amplo e sistêmico.
Resumo
     Num primeiro momento, os autores chamam a atenção (já antes feita) com relação à emergência das preocupações ambientais que circundam a sociedade e o papel da Geografia em dar sua contribuição que é sobremaneira essencial. Os avanços referidos às leis formuladas que, visam à proteção do meio ambiente são citados.[1]
     Ao suscitar a emergência de novas possibilidades de trabalho ao geógrafo em face às novas visões e paradigmas que regem a sociedade, os autores procuram observar se a formação do profissional (adquirido através da graduação) é suficiente para fazê-lo capaz de atuar; analisam que, em grande parte dos cursos no Brasil, isso acontece. A partir daí, passeiam pelos “tais campos de atuação emergentes” com a preocupação de observar se é competente (legalmente) ao Geógrafo, fazê-lo.
     Ao perceber que, em grande parte dos “novos campos”, predomina a necessidade de uma formação técnica, principalmente no que diz respeito às novas tecnologias de informação e comunicação (NTIC’S), expressam a importância do domínio de conceitos das Ciências Naturais (tais como a Matemática e Estatística); visão que, se não explicada minuciosamente, pode ser vista com ojeriza pela maioria dos Geógrafos da atualidade; a explicação quanto ao uso desses conceitos esta expressa nas seguintes palavras:
     “Não defendemos aqui, de forma alguma, o retorno das idéias quantitativas / teoréticas que já predominaram na Geografia em décadas passadas. Pelo contrario, não basta que as noções de Estatística e Matemática sejam "jogadas” ao aluno, sem a intenção clara e aplicação destes princípios para a Geografia (...) Cabe lembrar ainda que é necessário muito cuidado ao trabalhar com essas informações, para que o pesquisador não se torne um simples “refém”dos dados ou realize apenas uma análise dos “dados pelos dados”, sem uma interpretação critica devidamente contextualizada das informações.” (p. 88)

     O turismo é destacado como promissor; particularmente o turismo ecológico e/ou rural. O geógrafo, atuando em projetos e serviços, além de gerenciar pólos[2]. Outra área destacada é a Geografia da saúde, também com cursos oferecendo disciplinas afins.
     Outras possibilidades para o geógrafo, segundo os autores, surgem da expansão das cidades pós 1950 e a aprovação do estatuto da cidade, como a gestão e o planejamento urbano (já refletidos). Semelhantemente, a Geografia Agrária se levanta, devido à nova configuração do Campo e suas inter-relações com a cidade, conflitos e mecanização.
     Das áreas citadas, a ambiental é a mais promissora. A elaboração multidisciplinar de Estudos de Impacto Ambiental e Relatórios de Impacto Ambiental EIAS/RIMAS, esta cada  Dia mais, contando com a participação de geógrafos. O curso de geografia sai na frente por ter uma maior alcance interdisciplinar na formação de seus profissionais.
     Para atuar nessa perspectiva, o geógrafo se depara diante de alguns problemas, dentre eles, apoio na prática, para um confronto com a realidade. Além de a atuação interdisciplinar exigir grande interação profissional.
     A empresa Junior Geoambiental, surge com esse intuito de apoiar os alunos, juntar a teoria com a prática num projeto de extensão; e, como possíveis áreas de atuação, foram citados: os estudos ambientais, o planejamento urbano e rural, englobando atividades voltadas às áreas de turismo, mapeamento e educação ambiental “, alem de pretender “oferecer cursos de aperfeiçoamento e palestras que busquem auxiliar na formação dos futuros profissionais”(p. 90). Tudo isso sem fins lucrativos e almejando articular o currículo da Geografia, cartesiamanente fragmentado através do contato inter-disciplinar.
     Apesar do horizonte de possíveis atuações dos geógrafos, cabe lembrar que a profissão é regulamentada pela lei 6.664 de 26/06/1979 e fiscalizada pelo sistema CONFEA/CREA, devendo respeitar as normas de conduta do código de ética profissional, inclusive o código de defesa do consumidor por se tratar de uma prestação de serviços.
     Alem disso, o que se percebe é que o geógrafo não é reconhecido em muitas de suas potencialidades, pelo fato de muitos não terem consciência do poder da Geografia.
     Como considerações finais, os autores destacaram a presença de disciplinas importantes, tanto teóricas quanto praticas nos cursos estudados porem, enfatizaram a necessidade da inter-relação entre elas. A empresa Junior, surgindo com esse objetivo.
     Cuidados devem ser tomados para a não descaracterização do geógrafo, enquanto pensador crítico do espaço, em busca de um espaço mais justo.

Reflexão
     A iniciativa da Empresa Junior Geoambiental é importante no sentido de que a Geografia precisa ser “acordada”, suas potencialidades são amplas; falta um pouco (ou muito) reconhecimento por parte da sociedade e dos cientistas de áreas afins. Ressaltamos, como feito pelos autores, a necessidade de um cuidado muito especial quanto a qual o papel do geógrafo, ou melhor, para quem o geógrafo pretende o espaço, o meio ambiente. Planejar uma expansão urbana que, por iniciativa capitalista, gerara pobreza e segregação, não é uma atuação que vanglorie o geógrafo que, tem o dever social de pensar o espaço justo, pensar o equilíbrio da vida; o espaço geográfico.



[1] No entanto, fazemos aqui uma observação quanto ao modo como os autores vêem a ação política sobre a cidade, a nosso ver, incoerente; promovem um “empresariamento” (visão da cidade como uma empresa); essa abordagem é clara quando dizem que “o planejamento e a gestão passam a exercer um papel importante, contribuindo, dessa forma, principalmente nos casos voltados à questão ambiental e à gestão e ordenamento das cidades” (p. 87). Não devemos encarar as ações de proteção ambiental como serviços prestados a um “consumidor” ou ver a natureza como um produto ou mercadoria, mesmo porque, fazemos parte da mesma.
[2]   Vale lembrar que há uma descaracterização do geógrafo se o mesmo, apenas, estudar as potencialidades da exploração de determinado ambiente, sem a reflexão quanto à sua preservação pois, melhor é ter uma reserva fechada e mantida do que um pólo turístico temporário.



[1] Graduado em Geografia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro- UERJ, Ex-educador do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil- PETI e professor e coordenador do Pré-vestibular para Negros e Carentes- PVNC. Professor da Rede Estadual do RJ

Nenhum comentário: