1º Falta de logística ou Estrutura na rede estadual – É comum
encontrarmos, nas propostas educacionais mais recentes, uma ênfase muito grande
nas novas tecnologias na educação. Isso é necessário, mas não da forma como
está sendo colocado (ver artigo “modernização na e não da escola”) Frequentemente
muito dinheiro é gasto com projetos de grandes dimensões (e verbas) no tocante
à aquisição equipamentos e entrega dos mesmos às escolas, como computadores, ar
condicionados, modens, datashows, caixas amplificadas e etc. Contudo, há uma obsolescência
programada nesses objetos e não há manutenção eficiente, pessoal técnico
suficiente, cobertura de internet de qualidade e nem todos os professores estão
habituados ou mesmo capacitados para trabalhar com tic´s na sala de aula. Em
escolas da região metropolitana sequer à cobertura de sinal de internet de
várias operadoras; muitos professores ainda utilizam laptops recebidos
(emprestados) em 2008, ou seja, com configuração insuficiente ou com uso já
muito intenso; datashows (projetores digitais) tem lâmpadas com vida útil
pequena para a necessidade de uso nas escolas. Ao fim muito dinheiro público é
gasto e vira tecnolixo.
2º Turmas com número elevado de alunos – Outro ponto crucial para
um bom ambiente de aprendizagem é a impossibilidade de um bom trabalho com
turmas lotadas. Esse problema não é recente, mas é fundamental que seja
resolvido, caso contrário, nenhuma proposta por mais mirabolante e tecnológica
que seja vai surtir o efeito desejado. Muitos pedagogos falam da avaliação
formativa, processual, individual de cada aluno, mas como acompanhar isso com
turmas com 35 a 40 alunos uma vez que quase todos os professores te muitas
turmas?
3º Exigência de 3 dias de aula para o cumprimento da carga horária
(16h) – Se para os alunos é benéfica a redução de horas-aula por dia, para
os professores ela é prejudicial, especialmente para professores que tem duas
matriculas e /ou escolas particulares durante o dia, ou seja, quase todos. Com
o sistema anterior eram 6 tempos por dia de aula, o que possibilitava cumprir
os 12 tempos de aula por semana em dois dias. Para quem trabalha nos três períodos
(manhã, tarde e noite), fica muito mais desgastante para o professor.
4º Falta de perspectivas de valorização salarial – Nova Eja, nova
capacitação e velhos salários. Poucos professores aumentarão sua auto-estima e,
consequentemente sua dedicação sem ver seus salários aumentando para níveis
mínimos de qualidade. Aliás, o problema salarial é um ponto de estrangulamento
(se assim podemos chamar) do sistema de educação em geral e, mais ainda, na
rede estadual do Rio de Janeiro. A meritocracia tão aclamada pelo excelentíssimo
senhor governador é herança de um governo neoliberal baseado em preceitos
empresariais muito bem conhecidos na iniciativa privada. Além disso, a
desvalorização do professor (e de muitos outros servidores públicos) é algo
alarmante em toda a última década. Cogita-se até mesmo a aplicação de provas
(como se os professores não tivessem feito concursos) para a diferenciação
salarial dos docentes e incitação da concorrência e conflitos entre a classe. Devido
aos baixos salários, a maioria dos professores acaba por trabalhar com duas
matrículas, fazer duplas, glps e outras formas de aumento da carga horária para
ter uma renda mais significativa e, dessa forma, acabam dando aulas para um
número bastante elevado de alunos, agravado pela superlotação das classes
expressada no ponto anterior. Enquanto não houver valorização e planos de
cargos e salários dignos, não há como aumentar a exigência aos professores em
dedicar seus tempos com cursos, capacitações ou outras atividades extra-classe.
5º Desorganização da CEIERJ – Ao menos no que se refere à formação
inicial do período de 04 a 07 de fevereiro de 2013 na Metro I, muitos problemas
de organização atrapalharam bastante o andamento das atividades de capacitação
dos docentes. O primeiro foi a falta ou pouca existência de informações a cerca
do projeto: a maioria dos professores não foram devidamente informados sobre a
estrutura do curso, do tempo a ser disponibilizado, das implicações envolvidas
no momento da aceitação (ou obrigatoriedade relativa) da participação no
projeto, afinal, quase tudo que vem do atual governo vem de cima pra baixo e é
obrigatório e os que não participam sofrem retaliações ou ficam sem salário ou
abono (como o Docente online, o ID funcional, o Currículo Mínimo). O segundo
foi a falta de planejamento na alocação dos professores no espaço do Instituo Rangel
Pestana – IERP -, sobretudo no primeiro dia (04), mas isso fica para outra
postagem). O terceiro foi a falta de estrutura para atividades na plataforma no
local, já que não haviam computadores, a internet não funcionava e não havia
tomadas para os professores que levaram seus próprios notebooks. O quarto foi a
demora e a deficiência na quantidade dos materiais impressos: nem todos os
professores ganharam os dois volumes do livro a ser trabalhado nas atividades e
o mesmo não era o livro do professor. Na plataforma os conteúdos não foram
disponibilizados no tempo correto, o que dificultou o uso pelos alunos.
6º Risco de surgirem professores excedentes de algumas disciplinas –
Como sempre o governo deu ênfase à matemática e à língua portuguesa em
detrimento das ciências humanas e mesmo algumas ciências exatas como a física. Com
a nova grade, algumas disciplinas serão dadas em apenas dois módulos (como a
Geografia e a História – 1º e 3º) e algumas em apenas um módulo (como Língua
estrangeira, filosofia e sociologia). Dessa forma, caso não haja grande número
de turmas no módulo 1 e 3 e 4, alguns professores terão que deixar o ensino
médio ou mesmo a modalidade EJA e serem transferidos para outro turno, escola
ou, em caso de não haver disponibilidade de horário, pedir exoneração. Para os
professores de Geografia e História serão 4 tempos no primeiro módulo e 3
tempos no terceiro módulo. Até que seja implantado o NEJA em todo o período
noturno, há a possibilidade de o professor lecionar em turmas de EJA
tradicionais ou mesmo nas turmas de ensino fundamental EJA, mas após a
implementação completa do programa alguns professores podem ter problemas. É a
forma que o governo encontrou para maquiar o problema da falta de professores.
7º Disponibilidade de tempo para a capacitação – A falta de informações
foi somada à obrigatoriedade da presença no curso e causou transtornos. No caso
da Metro I, o curso oferecido em parceria com o CECIERJ teve a formação inicial
presencial no período diurno, no IERP, entre os dias 04 e 07 de fevereiro.
Acontece que nem todos os professores tinham essa disponibilidade, tendo que
negociar com outras escolas de outras redes, sendo que as particulares foram o
maior problema. Ainda em relação à obrigatoriedade do curso, o pouco de
informação presente no site da CEICERJ diz que a formação inicial obrigatória é
a de 20 horas presenciais (20 horas de 04 a 07 de fevereiro e mais o dia 23 de
fevereiro) e mais 4 horas à distância na plataforma Moodle. Contudo, durante o
curso os professores ficaram sabendo que deveriam disponibilizar tempos
semanais na plataforma e todo o último sábado do mês das 9h às 13h. Acontece que
nem todos tem essa disponibilidade. Muitos trabalham em preparatórios para
concursos, fazem cursos de mestrado, especialização ou preparatórios para
outros concursos, graduações até mesmo no CEDERJ (como eu) e terão problemas
para freqüentar aos sábados.
8º Incerteza da Especialização
- A promessa é que os professores serão encaminhados para complementação
de 200 horas às 160 do curso de extensão e a realização de monografia para
colação de grau em nível pós graduação latu sensu. Contudo as informações não
são precisas e, segundo o calendário para sociologia e filosofia, isso só
aconteceria em 2014 para 2015, ou seja, o tempo necessário para o término do
mestrado em um curso de especialização. Para Geografia e História não há sequer
previsão de complementação. Com isso a formação não implica em mudança de nível
e conseqüente aumento salarial.
9º Abono incerto e “em paradas trimestrais” - Segundo e-mail repassado às diretoras das
unidades escolares, os professores que participam do projeto receberão uma
bolsa de 300 reais mensais em “paradas” de 3 em 3 meses. Isso Le a crer que o
dinheiro será pago acumulado (900 reais), mas ninguém sabe quando receberá
verdadeiramente. Experiências anteriores
com professores de matemática do ensino regular mostram que podemos ter
problemas com esse pagamento que poderia ser feito mensalmente. Projetos como o
Autonomia (em parceria com a Fundação Roberto Marinho) tem verbas muito
maiores. O que resta é esperar pra ver.
10º (....) cansado de escrever, deixo esse espaço aberto a você
professor cursista do NEJA. Caso eu tenha esquecido de algum possível problema
que envolve essa proposta, deixe nos comentários e, assim, completaremos essa
lista.
4 comentários:
Alguém sabe como ficará a disciplina de Arte na Nova EJA ?????
Seremos jogados no lixo????
Minha escola (EJA) foi otimizada e tive que complementar 4 tempos em outra unidade. Mas, hoje, abro o Docente Online e descubro que distribuíram meus outros 8 tempos em três noites!
Se fosse 12 tempos em três noites ainda ia, mas 8...
O estado pensa que o professor é sua propriedade. Vejam como ficaram meus horários:
segunda: 1 tempo - 7:00 às 7:50
segunda: 2 tempos - 18:50 - 20:30
terça: 2 tempos - 18:50 - 20:30
quarta: 2 tempos - 10:35 às 12:15
quarta: 4 tempos - 18:05 - 21:20
sexta: 1 tempo - 10:35 às 11:25
O estado quer que eu exonere, só pode! Deve estar sobrando professor de física!
Uma coisa que tenho percebido também é o crescente descaso dos diretores para com os professores, parecem que só se importam em acatar as ordens do Risólia.
Primeiro fui complementar em um colégio que me exigiu duas tardes. Horário horrível para mim, já que dou aula particular e só tenho clientes nos períodos da tarde e da noite. A diretora sabia disso, mas resolveu piorar minha situação, me colocando à revelia em três tardes (1 tempo na quarta, 1 tempo na quinta e 2 na sexta).
Fui na metro e consegui um horário melhor de manhã. Quando fui acertar os detalhes com a outra diretora, a mulher me deixou 1h:14min plantado e não me atendeu. Fiquei tão ultrajado que fui embora sem aviso.
Agora o diretor apronta essa comigo, mesmo sabendo que preciso do máximo possível de noites livres para atender meus clientes.
Essa administração do atual governador nos trata como lixo!
E agora a cereja do bolo!
Fiquei um bom tempo com carga horária livre porque a Metro VI estava uma bagunça, mandando os professores voltarem a unidade. A coisa ficou tão caótica que começaram a alocar os professores à revelia, sem sequer avisar os diretores.
Pois bem, como fiquei um bom tempo só ministrando 8 tempos, o que a SEEDUC fez? Garfou meu auxílio alimentação de agosto e me descontou R$100,00 do auxílio alimentação de junho!
Mas eu não fiquei com 8 tempos porque quis e sim porque a Metro demorou semanas para resolver minha situação e comunicar o diretor!
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