por Edson Borges Vicente*
Era uma vez uma mulinha simpática e trabalhadora.Todos os dias seu dono lhe colocava para trabalhar pesado. Carregava pedrinhas preciosas em sua carroça. Pedrinhas de direrentes séries de tamanhos, cores e formas. Cada viagem uma leva pesada de pedrinhas - e nenhuma podia cair. Para tal trabalho, a mulinha havia sido adestrada por quatro anos e passado por um rigoroso exame que a escolheu entre muitas outras. Havia se saido bem por que já treinava bastante antes de terminar o adestramento.
Ela até que reclamava do esforço demasiado, porém não pestanejava em colaborar. De tempos em tempos ela ficava de greve e empacava. Certa vez a mulinha parecia estar ficando mais fraca devido à má alimentação que recebia daquele ser humano que a governava. Eram 730 quilos de capím por mês - quantidade insuficiente para mantê-la por todo o longo mês de trabalho.
Por mais que a mulinha empacasse no meio do caminho seu semblante era bem tranquilo e ela seguia todas as orientações do seu dono. Quando ele puxava a corda direita do arreio ela sabia que tinha que ir para a direita e quando ele puxava para a esquerda, ia a simpática mulinha para a esquerda. Tudo isso com o cuidado para não deixar cair ou espalhar as pedrinhas tão valiosas que costumava carregar, cada qual de uma série diferente de tamanhos cores e formasm porém, todas muito valiosas.
Tudo ocorria assim até que o seu dono não mais passou a guiar a carroça que a mulinha puxava...
Para total espanto da mulinha trocaram sua carroça por uma carroça tecnológica, cheia de parafernalhas informatizadas. Aquela mulinha ficou desesperada. Agora já não havia mais arreio. Umas luzes piscavam de um lado e de outro a indicando as direções que ela deveria seguir. Sons indicavam quando parar e voltar. Ela não compreendia aquilo já que seu dono simplesmente havia sumido. No lugar dele somente botões e mais botões.
No primeiro dia a mulinha acabou se perdendo. Não sabia como puxar sua carroça tecnológica. Rodou, rodou o dia todo até gastar a energia da porção diária de capim. Cansada e fraca resolveu voltar para casa para comer - caminho ela sabia de olhos. Certa de que seu trabalho era muito importante para seu dono e para aquelas pedrinha preciosas, esperava receber um porção a mais de capim para condizer com o trabalho a mais que deveria fazer tão solitária.
Chegando em casa ela teve outra grande decepção: a porção de campim era a mesma que recebia nos tempos da carroça com arreio: 730 quilos de capim po mês. Mudou a carroça -agora era carroça tecnológica- mas nada mudou quanto ao capim. Já esgotada ela ainda teve que passar a noite com fome até receber a porção do dia seguinte.
Um Grande abraço a todos os Professores do Estado do Rio de Janeiro!
* Geografo Bacharel e Licenciado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Professor da rede estadual do Rio de Janeiro. Professor e coordenador do Pré-vestibular para Negros e Carentes - PVNC Cabuçu
6 comentários:
Show seu texto!!!
Excelente conto!! Precisamos divulgá-lo!! Cabeças pensantes devem tomar conhecimento de mais esse abuso com nossa classe, antes que seja tarde e a mulinha morra de fome e as pedrinhas fiquem abandonadas pra sempre. Posso divulgar no meu blog??
Muito bom seu texto, espero poder ler outros como este.
um forte abraço!
Gilson Bispo.
Ótimo conto, tomei conhecimento através do Blog da Raquel que o divulgou! Parabéns pela criatividade a analogia a atual situação de nós, os professores estaduais, está muito boa perfeita pra dizer a verdade (infelizmente).
Olá! Obrigada pelo texto bastante interessante.
Sugiro, entretanto, a correção da grafia da palavra CANSADA. Parece ter-lhe passado despercebido.
Abraço.
"Cançada e fraca resolveu voltar para casa para comer ..."
Adorei o texto,com criatividade abordou a situação que inúmeros professores enfrentam,principalmente na rede estadual do RJ.
Postar um comentário