RESENHA
OLIVEIRA, Inês Barbosa de. Reflexões
acerca da organização curricular e das práticas pedagógicas na EJA. Educar n. 29. Curitiba: Editora UFPR, 2007. p.
83-100.
Edson Borges Filadelfo [1]
Objetivando
promover uma reflexão a cerca da organização curricular e as práticas
pedagógicas na Educação de Jovens e Adultos – EJA, o artigo “Reflexões acerca
da organização curricular e das práticas pedagógicas na EJA” de Inês Barbosa de
Oliveira é estruturado em quatro partes: abordagem histórica, análise de
relatos de situações vivenciadas pela autora e de terceiros próximos a ela,
aprofundamento teórico e análise de propostas curriculares com proposição de
debates com vistas à adequação dos currículos orientados à EJA. A autora,
professora adjunta de Faculdade de Educação e do Programa de Pós-Graduação em
Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro UERJ, membro do GT
Currículo da ANPEd e que também possui muitos trabalhos publicados com o tema
“cotidiano escolar”, atua em um Campus Universitário que abriga o Fórum
Estadual de EJA do Rio de Janeiro e, dessa forma, está próxima dos sujeitos:
docentes , discentes e gestões que debatem a educação de jovens e adultos.
Na
análise histórica da EJA no Brasil, o texto aborda as concepções compensatória,
o “Método Paulo Freire” e ações governamentais pré e pós golpe militar de 1964
além do esforço dos educadores atuais em ampliar a noção das pessoas a quem a
EJA se destina.
Entre
os principais problemas que se apresentam nos espaços-tempos em que a Eja
acontece, trabalhados do artigo, a autora destaca a infantilização dos
educandos e a inadequação de conteúdos e modos de abordá-los, bem como de
linguagem.
Para
pensar em novas práticas pedagógicas e em currículos adequados à modalidade,
professora Inês propõe o conceito de tessitura do conhecimento em redes,
segundo a qual os processos de ensino-aprendizagem não podem controlar o
conhecimento que está relacionado às experiências e à inserção dos sujeitos no
mundo. Ainda sob essa ótica, citando outro trabalho seu anterior, ressalta que
há a possibilidade da atribuição de significado “por parte daqueles que
aprendem, às informações recebidas do exterior — da escola, da televisão, dos
amigos, da família etc.” (OLIVEIRA 2003, apud OLIVEIRA, 2007, p.87). A não
observação desse pressuposto culminaria na indevida relação do currículo e da
metodologia comumente utilizadas na EJA onde “idade e vivências social e
cultural dos educandos são ignoradas, mantendo-se nestas propostas a lógica
infantil dos currículos destinados às crianças que freqüentam a escola regular”
(Op cit, p. 88). Seria necessário, portanto, repensar critérios de organização
de alunos e conteúdos, bem como a avaliação e, para tanto, espaços como o da
escola e outros ambientes propícios à discussão precisam ser potencializados.
A
leitura do trabalho proposto pela professora, como ela mesma ressalta, não fornece
aos interessados na temática, especialmente aos docentes que atuam em classes
de EJA, ‘receitas’ ou ‘soluções mágicas’ para os
problemas enfrentados nesses espaços-tempos. Todavia os aproxima da reflexão
que é necessária para a promoção de mudanças de concepção e de prática,
sobretudo no ambiente de sala de aula, muitas vezes o último a ver os
resultados do debate travado em academias, sala de professores ou reuniões
pedagógicas. Desse modo, o valor do texto reside fundamentalmente em seu papel
questionador das máximas aceitas como base das propostas curriculares e das
práticas pedagógicas propostas e adotadas em EJA. Sendo assim, visa instigar os
sujeitos envolvidos na temática a buscar o novo a partir do reconhecimento dos
alunos também como tal.
[1] Bacharel e Licenciado em Geografia pela UERJ. Pós-Graduando em Educação de Jovens e Adultos pelo IFRJ Nilópolis. Professor da Rede Estadual de Educação do RJ: SEEDUC.
[1] Bacharel e Licenciado em Geografia pela UERJ. Pós-Graduando em Educação de Jovens e Adultos pelo IFRJ Nilópolis. Professor da Rede Estadual de Educação do RJ: SEEDUC.
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