segunda-feira, 13 de abril de 2015

Resenha do Artigo "Reflexões acerca da organização curricular e das práticas pedagógicas na EJA" de Inês Barbosa de Oliveira.



RESENHA

OLIVEIRA, Inês Barbosa de. Reflexões acerca da organização curricular e das práticas pedagógicas na EJA. Educar n. 29. Curitiba: Editora UFPR, 2007. p. 83-100.
                                                          Edson Borges Filadelfo [1]
Objetivando promover uma reflexão a cerca da organização curricular e as práticas pedagógicas na Educação de Jovens e Adultos – EJA, o artigo “Reflexões acerca da organização curricular e das práticas pedagógicas na EJA” de Inês Barbosa de Oliveira é estruturado em quatro partes: abordagem histórica, análise de relatos de situações vivenciadas pela autora e de terceiros próximos a ela, aprofundamento teórico e análise de propostas curriculares com proposição de debates com vistas à adequação dos currículos orientados à EJA. A autora, professora adjunta de Faculdade de Educação e do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro UERJ, membro do GT Currículo da ANPEd e que também possui muitos trabalhos publicados com o tema “cotidiano escolar”, atua em um Campus Universitário que abriga o Fórum Estadual de EJA do Rio de Janeiro e, dessa forma, está próxima dos sujeitos: docentes , discentes e gestões que debatem a educação de jovens e adultos.
Na análise histórica da EJA no Brasil, o texto aborda as concepções compensatória, o “Método Paulo Freire” e ações governamentais pré e pós golpe militar de 1964 além do esforço dos educadores atuais em ampliar a noção das pessoas a quem a EJA se destina.
Entre os principais problemas que se apresentam nos espaços-tempos em que a Eja acontece, trabalhados do artigo, a autora destaca a infantilização dos educandos e a inadequação de conteúdos e modos de abordá-los, bem como de linguagem.
Para pensar em novas práticas pedagógicas e em currículos adequados à modalidade, professora Inês propõe o conceito de tessitura do conhecimento em redes, segundo a qual os processos de ensino-aprendizagem não podem controlar o conhecimento que está relacionado às experiências e à inserção dos sujeitos no mundo. Ainda sob essa ótica, citando outro trabalho seu anterior, ressalta que há a possibilidade da atribuição de significado “por parte daqueles que aprendem, às informações recebidas do exterior — da escola, da televisão, dos amigos, da família etc.” (OLIVEIRA 2003, apud OLIVEIRA, 2007, p.87). A não observação desse pressuposto culminaria na indevida relação do currículo e da metodologia comumente utilizadas na EJA onde “idade e vivências social e cultural dos educandos são ignoradas, mantendo-se nestas propostas a lógica infantil dos currículos destinados às crianças que freqüentam a escola regular” (Op cit, p. 88). Seria necessário, portanto, repensar critérios de organização de alunos e conteúdos, bem como a avaliação e, para tanto, espaços como o da escola e outros ambientes propícios à discussão precisam ser potencializados.

A leitura do trabalho proposto pela professora, como ela mesma ressalta, não fornece aos interessados na temática, especialmente aos docentes que atuam em classes de EJA, ‘receitas’ ou ‘soluções mágicas’ para os problemas enfrentados nesses espaços-tempos. Todavia os aproxima da reflexão que é necessária para a promoção de mudanças de concepção e de prática, sobretudo no ambiente de sala de aula, muitas vezes o último a ver os resultados do debate travado em academias, sala de professores ou reuniões pedagógicas. Desse modo, o valor do texto reside fundamentalmente em seu papel questionador das máximas aceitas como base das propostas curriculares e das práticas pedagógicas propostas e adotadas em EJA. Sendo assim, visa instigar os sujeitos envolvidos na temática a buscar o novo a partir do reconhecimento dos alunos também como tal.

[1] Bacharel e Licenciado em Geografia pela UERJ. Pós-Graduando em Educação de Jovens e Adultos pelo IFRJ Nilópolis. Professor da Rede Estadual de Educação do RJ: SEEDUC.

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