Por Edson Borges Vicente
Professor, ser ou não ser? essa questão paira na cabeça de muitos dos poucos que ingressam no ensino superior no Brasil ainda nos dias de hoje. Contudo, de fato aumentou significamente o numero de ingressos nas universidades brasileiras, principalmente as de iniciativa privada. O detalhe é que esses números ganham consistência quando se avalia o número de graduandos de cursos de licenciatura. Mas isso tem alguma conotação social? De fato os cursos de licenciatura são preenchidos, geralmente, por alunos de classes sociais menos abastadas. O professor em geral tem salário mais baixo do que os dos cursos considerados "de elite".Mas ser professor não pode ser uma escolha, tem que ser um dom. Um profissional professor que tenha cursado licenciatura somente por causa das circunstâcias achará rapidamente no seu caminho docente uma coisa que os teóricos chamam de "mal estar docente" que vem caminhando com o "mal estar da humanidade" nos últimos anos e que se manifesta em quase a totalidade dos que se consideram educadores.
A estrutura da educação brasileira deixa muito a desejar no que tange às condições de trabalho, de formação continuada e até mesmo segurança. Ser professor, em especial no Rio de Janeiro Capital e Baixada Fluminense, hoje pode ser considerado ter uma profissão de risco. Baixos salários, falta de recursos didáticos-pedagógicos, falta de valorização do profissional tem afastado e exonerado uma multidão de mestres-operários.
Mas quando se opta por essa prática tão especial e tão importante para a nação não se pode deixar intimidar pelas primeiras barreiras encontradas no caminho. Em minha pesquisa monográfica deparei-me com duas educadoras geográficas as quais chamei Geoeducadoras. Ambas com quase duas décadas de docência e uma delas na mesma escola. Em um colégio público da rede estadual, localizado em minha cidade Nova Iguaçu, elas me fizeram perceber que as estratégias para possibilitar um bom ambiente de aprendizagem são possíveis mediante a reflexão para-na-da prática cotidiana em articulação com os agentes da escola. Com a nota máxima obtida pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, ainda que tenha sido apontado um pouco de romantismo em meu texto, me serviu como uma injeção de ânimo enquanto licenciando.
Naquela época eu estava desenvolvendo o trabalho com certa rapidez em função da aprovação no concurso 2007 do Magistério Estadual e o temor de uma convocação precoce me fez correr com a pesquisa, daí não tive tempo para procurar defeitos no trabalho tão especial daquelas duas pessoas especiais (que são figura fácil como paraninfo todos os anos). Embora o que eu temia ter se concretizado - pois fui chamado na primeira convocação - o trabalho serviu para que eu fizesse uma avaliação bem de perto daquela que era a profissão que eu havia escolhido e, embora eu já tivesse experiência docente com pré-vestibular comunitário - o PVNC Cabuçu - e estar cursando também o bacharelado, foi uma experiência incrível.
Hoje, 11 de janeiro de 2010, já quase dois anos depois de eu ter pedido "fim de fila" quando da minha apresentação à Metro I, algo que muito almejava aconteceu. O telegrama da SEEDUC achou novamente meu endereço. Fui reconvocado, agora na última do concurso 2007 que teve zerado o banco de Geografia para a Metro de Nova Iguaçu e Companhia. Eu, que acompanho desde aqueles tempos o Blog Educação, ou Blog da Raquel (que se encontra na lista de Links) e vi a ultima convocação de semana passada na qual só chamaram um fim de fila, fui pego por uma agradável surpresa que me vem agora como um desafio.
Ser professor ou não ser eis a questão? ou eis um dom? de agora em diante sei que passarei por inumeras dificuldades, entre elas a de conciliar meu tempo entre O pré-vestibular, meu trabalho com assistência social e a árdua e gratificante tarefa de aprender a ensinar.
Tenham todos uma semana abençoada!!!
Edson Borges - Geoeducador
Um comentário:
Olá, Geo :)
Quando vc deixou o recado lá no mural, eu já tinha passado por aqui (antes de vc publicar esse texto). Naquele dia minha internet estava meio ruim... Mas cá estou novamente :)
Pelo seu relato, percebo que esse ano será especial para vc. Agora vc será "o professor", com todas as dificuldades e delícias que esse título encerra.
Tenho visto muitos colegas desistirem, pelos vários motivos que vc cita em seu texto.
Sei que somos profissionais, temos de lutar por melhores salários, condições de trabalho, etc, mas temos também de ter o dom, pois só assim somos capazes de exercer nosso ofício.
Eu, desde criança queria ser professora, e é o que gosto de fazer. mesmo com todas as dificuldades, gosto do que faço. Quando estou na minha sala de aula e começo a explicar minha matéria, esqueço problemas, esqueço salário e me entrego ao ato de ensinar...
Espero que com vc também seja assim... Que tenha prazer em lecionar.
Abs e sorte, "fessor".
Raquel
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