Os dois sistemas que
posso avaliar (pelo uso ou pela capacitação para o mesmo) são o
"Docente online" da SEEDUC e o "Escola 3.0" da SMERJ. O primeiro teve um
lançamento frustrado no ano de 2010, ocasião na qual o governador
licitou milhares de computadores (alugados) e implantou nas escolas o
diário digital que teve dois problemas básicos e cabais: o primeiro era a
conexão ao servidor que consegue ser pior do que qualquer site de
relacionamento dos dias atuais. O resultado foi professores desesperados
gastando horas e horas (muito excedentes ao Horário de planejamento ou
complementar) ou mesmo dinheiro em lan houses quando as escolas não
tinham laboratório suficiente. O segundo e mais perverso foi o fato de o
sistema obrigar o professor a abrir as aulas e fazer a chamada
"virtual" em tempo real, o que tomava quase um tempo de aula devido ao
fato de a presença ser feita com o cartão "Rio Card" aluno pro aluno. Nessa ocasião o
caos era total. Isso somado ao fato de as turmas serem superlotadas e
aproveitarem essa hora para deixar o professor simplesmente sem ação (ou
tentava manter a ordem ou cumpria o dever tecnológico). A parte do
sistema referente ao diário online foi deixada de lado no mesmo ano e
até hoje o lançamento de notas leva cerca de 3 vezes o tempo real
necessário (o problema não é a conexão é o servidor, ou melhor, o
problema não é a conexão, é a educação).
Já o sistema "Escola 3.0"
da SME que será lançado dia 02 de maio deste ano (semana que vem) é uma
versão similar ao Conexão Educação, mas "na velocidade 3". Todos os
professores da rede muncipal estão apreensivos, sobretudo os de carga
horária elevada (40h). Além de ter que digitar o planejamento diário no
computador (que segundo boatos será um tablet de 7 polegadas), o sistema
requer a avaliação individual do aluno, o que com turmas de 40 a 55
alunos torna-se inviável. Por exemplo, um professor de 40h, no momento,
tem 32 tempos de aula divididos em cerca de 11 turmas, ou seja, quase ou
mais de 500 alunos. Além disso, o professor tem que seguir os passos do
planejamento que não batem com os cadernos didáticos distribuídos
bimestralmente pela SME e nem com a ordem do livro didático e além de
tudo isso tem por quase obrigação dar aulas com o educoédia (as aulas
virtuais). Não se sabe como será a vida útil do sistema, o que se sabe
apenas é que ele segue a lógica do "vijiar e punir" e punir para
"economizar".
Os governos (municipal o estadual) querem
"produtividade" e não "qualidade" na educação. Os números são o que
importa. Outra coisa é o fato de nem todos os professores saberem
utilizar o computador com rapidez ou eficiência. Nesses casos as
secretarias não querem saber. Saber usar computado ou tablet com
Andróide não é pré-requisito para o concurso público. Daqui a um tempo
os professores que já estão cada vez mais obrigados a fazer "up grade"
(utilizando amplificadores de voz em face à má educação dos alunos e da
superlotação das salas; utilizando passo a passo digital em aulas
virtuais e estando conectados a um sistema computadorizado de gestão)
poderão sem nenhum problema, serem substituídos por andróides completos,
baratos e que não reclamarão das exigências cada vez maiores de
produtividade e número.
E ainda tem estudantes de licenciatura que se iludem com falsas constatações de quem não está na
sala de aula e acha que o problema está no professor e que os alunos (e
seus pais, mitos deles, descompromissados) têm o dever de "reclamar" da
falta de amor. Alguém avise a eles que o talvez o sistema na velocidade
5.0 tenha embutido um aplicativo que gere amor em meio à guerra.
Aproveito para indicar a leitura do conto "Mulinha tecnológica" no link abaixo: